Quero fugir;
ou pelo menos não quero ficar.
Quero ir para longe e conquistar
o mundo que há para ver.
Quero esquecer o que deixo para trás
e ir em paz, comigo,
porque sei que consigo
partir e não voltar.
E quando partir não há-de ser para vir.
Quero calar a voz de quem me chama
e dizer a quem me ama
que se lembre de sorrir.
Quero partir sozinho e levar,
na bagagem, só a lembrança
do que um dia a esperança
me lembrou de procurar.
E procuro-me, assim, a mim,
que não sei por onde vou;
só sei que não haverá fim,
mesmo que não saiba onde estou.
Nem tão cedo quero saber
onde estou, para não me lembrar
de para trás querer voltar
e de o mundo me esquecer.
Assim fujo de mim e de todos,
sem destino ou passado.
Não olho mais para trás
e vou comigo, de braço dado.
Porque chega uma altura da vida em que todos nós sentimos esta necessidade de partir e não mais voltar. E será que devemos intelectualizar o impulso? Será que devemos não partir, só porque o rumo normal da vida é não contrariar a vontade e ficar? Ou será que nos devemos deixar levar por esta linda vontade de não querer ficar e partir em direcção ao nosso próprio mundo?
Mas como em tudo o que tem fim, quem cá fica é que sofre, e não quem parte. Mas porquê? Seria tudo tão melhor se quem ficasse sorrisse ao ver-nos partir, porque sabe que vamos para um sítio melhor, onde tudo o que temos é o que fazemos e onde tudo o queremos temos. Será que é uma espécie de inveja altruísta ou de um altruísmo egoísta, ficar-se triste porque o outro parte?
Dói pensar nisso; portanto mais vale partir só com a lembrança de que antes do nosso mundo, vivemos num mundo que não era nosso. Mais vale pegar nas malas e partir em nossa procura, antes que o mundo se esqueça de nós, por sermos apenas "mais um" que contraria a vontade de partir e fica a ter uma vida que não é a sua.
Então é aí que devemos fugir, de nós e dos outros, do que fomos e do que viremos a ser, só para, um dia, sermos o que quisermos...
4 comentários:
é como se tivesses falado por mim*
Acho muito bonito que as pessoas sigam os seus sonhos e desejos e partam (se for esse o caso) em busca dos seus objectivos. Mas nenhum homem é uma ilha e, como dizia o Exupéry, ficamos para sempre responsáveis por aqueles que cativamos. Como tal devemos, sim senhora, seguir a nossa vida, não podemos é exigir que os que ficam para trás não sintam a mágoa de ver alguém partir. Aliás, não podemos exigir de nós mesmos não sentir essa tristeza ao deixarmos tudo para trás, por muito bom que isso possa vir a ser...
está muito bonito o poema :)
Oh moço deixa de ser estoicista xD! As cenas são como são e só nos podemos preservar no meio disso! E digo-te uma coisa antes de dares valor às coisas lembra-te que tu também tens o teu valor, basta-te perguntar o quanto a quem tem que o reconhecer... e nós reconhecemos! E tu não sabes se não custa a quem viste partir... naturalmente será assim, mas houve demasiada sinceridade para pensar tão linearmente... se calhar por isso é que custa mais, não? Agora não te esqueças que fugir das coisas deixa um gajo ligeiramente à vontade, mas passa-te muito ao lado... e tu sabes como é bom que nos dêem valor, de uma forma ou de outra... e de certeza que há mais quem te possa oferecer o Yes!...
Tone da piça xD
Como diria o Sebastião da Gama: "Pelo sonho é que vamos (...) Chegamos? Não chegamos? Partimos. Vamos. SOMOS!", ou então citando Oscar Wilde "Os bons filhos sempre a casa voltarão." :')
m.i.s.s
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