sábado, 12 de junho de 2010

Desta criança feliz

Sinto a chuva que seca
no calor do pensamento.
Sinto a chuva e nem tento
limpá-la do meu rosto,
porque vai lavar-me as lágrimas
e lembrar-me do seu gosto.

Vejo em meus olhos
o olhar que já não via.
Vejo neste dia
o olhar que eu adoro;
de ver em meu redor
a casa onde moro.

Não poupo as palavras,
nem as tento lavar
na chuva que cai em mim
e me dá razões para adorar.
Nem quero, sequer, dizer
por outras palavras o que levo
dentro de mim guardado:
estas palavras que escrevo.

Ouvi todas as canções
sentindo a chuva a cair.
No sentir de tais refrões
a minha alma partiu;
deixando apenas sentir
o rapaz que lhes sorriu.

E mais do que as escrever,
tento em mim guardar
(decorar ou conhecer)
a memória deste olhar,
que espelha o que há em mim
e esta forma de adorar.

E quero que amanhã volte
o sentimento que não minto,
porque vai lavar-me as lágrimas
e trazer-me o que hoje sinto.
Não quero viver o passado,
porque assim é viver errado;
só quero que dure p'ra sempre
o que não dura eternamente.

E seja quando voltar
um pedaço de céu perdido,
que só o vou abraçar
e em meus braços dar-lhe abrigo.
E seja quando voltar
para me lembrar do que me diz:
um abraço e um olhar
desta criança feliz.


09/06/2010 - da memória dO momento.

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