sábado, 2 de outubro de 2010

A noite

Hoje não vejo o amanhecer.
Quero fazer durar a paz
que a noite me traz.
Depois de umas horas sentado à janela,
vejo que a noite tem nela
a força de esquecer.

Observo a forma como o vento
consome o cigarro que fumo,
nesta noite em que não durmo.
Vejo a lua brilhar sozinha,
sobre tantos candeeiros acesos;
nesta noite que parece minha.

Ouço os pássaros que trazem a notícia de um novo dia
e aprecio com vaidade o privilégio
do vento solitário que me arrepia.
E vendo que já vem de novo o sol,
recolho para o conforto da minha cama,
abraçando quem me ama.

Cubro meu corpo com o lençol,
como que num gesto de grande esforço,
deixando despido o meu dorso.
E como a noite tem a força de apagar
aquilo que de vaidoso me esqueço,
apago a luz e adormeço.

2 comentários:

Sky disse...

saudades da beleza das tuas palavras

Anónimo disse...

Um teu (feliz e ansiado) regresso!
E voltas a contemplar languidamente as simplicidades naturais da vida.. De cigarro na boca, aprecias as sensações que o vento te desperta, não abandonando, contudo, o teu mundo, aquele que abraças em cada poema teu :)

F*