segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Estou só

Não quero que me largues a mão,
nem que me largues deste abraço.
Porque sem sentir o teu toque,
não sei mais o que faço.

Fico vazio e triste
e eu sei que te riste
do meu medo das alturas
e das tuas palavras duras.

Por isso te peço que me dês a mão
e que me cantes uma canção;
que me apertes com força os dedos
a ver se apertas, também, meus medos.

Levo-te a ver, comigo, o mar.
E é quando ele me diz que estou só.
Então afinal isto é que é amar:
é transformar os sonhos em pó.

Esqueço isso e fecho os olhos;
penso antes no que, sozinho, criei.
Faço das ondas o meu desabafo
e vejo que o mar é tudo o que sonhei.

Viver sozinho é tudo aquilo que eu sonhei.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Canta-me uma canção

Canta-me uma canção
e não laves as mãos nas minhas lágrimas.
Canta-me uma canção
e mostra-me que o seu refrão
são mais do que palavras de ilusão.

Mostra-me que cantar
é com mil palavras tocar
a mão que já não pegas.
E com uma palavra me elevas,
no toque de cada verso teu.
E no cantar dos refrões me dás
o misto de guerra e paz
que em tempos me envolveu.

Canta-me uma canção
ou escreve-me poesia;
mas diz-me que ainda vês meu olhar
e sentes meu sorriso ao lembrar
dos versos que te fazia.

Pede-me só mais um dia,
para que eu possa partir
sem voltar a sentir.
Pois de sorrir fiquei cansado;
de olhar calado e gelado,
da luz que me ofuscou,
do verso que me lembrou
ao ver-me assim, sentado.

De estar sentado fiquei cansado
ao ver que o dia amanheceu;
fico agora a ler o teu livro
a ver qual dos poemas é meu.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Acordo em cada passo teu

Esta noite deixei de ser criança;
em meus sonhos deixei a ilusão.
Só me deixei dormir descansado
depois de ir embora a solidão.

Ao partires, acordas-me com saudades.
A despedir, não me tocas o coração.
Fechas a boca para não me dares mais nada,
porque ao que vejo já me deste a tua mão.

E eu acordo,
a cada passo teu.
Fico a ouvir, no escuro,
o mundo que já não é meu.

Bates a porta e fazes tremer o mundo,
partindo num segundo,
sem olhar...
Quero que fiques,
para mais me ensinar
da arte de abraçar
um Adeus.

E de todos os sonhos que possam vir,
lembramos os que não temos;
mas a realidade insiste em existir,
para nos lembrar que é no sonho que vivemos.


É a realidade que nos desperta daquilo que nós queríamos que fosse a nossa vida e é ela que nos mostra que é no sonho que conhecemos a felicidade. Porque o que é real é fugaz e no sonho perpetuamos uma forma de vida. Mas só lembramos o que nos falta, os que não temos, porque os que temos parecem adquiridos. Mas é quando esses sonhos nos acordam que nós sentimos as saudades e é quando eles nos batem com a porta que o nosso mundo treme sem que possamos dar-lhe um último abraço, um abraço da despedida, do Adeus, para sempre.

domingo, 1 de agosto de 2010

O toque de um dia

E que olhar é o teu,
que tanto me diz
sem nenhuma palavra.
E passou a ser meu,
esse sorriso feliz,
de cada vez que te olhava.

Não te vou procurar,
porque tens em mim o teu lugar;
não te quero conhecer,
porque é assim que te irei receber:
de braços abertos.
E estaremos certos,
de que, um dia,
saberei o teu nome.

Foi em teu toque que me perdi;
quase me esqueci
qual seria o meu lugar.
Foi com tua mão na minha
que quase voei até aos sonhos
e no largar da tua mão
que toquei com os pés no chão.

Não quero que ma dês outra vez.
Quero só que voltes para te conhecer.
Quero só ver-te a olhar para mim
como o fizemos hoje sem nos saber.

Quero outra vez o nosso toque
que nos tornou crianças apaixonadas;
e digo-te com certeza
que irão viver abraçadas.

Quero ver o teu sorriso mais uma vez
no tom doce de desafio
com que hoje te deste a mim.
E nestes versos que não lês
deixo-te o desejo que crio:
uma espera sem fim.

É ao ver a inocência dos nossos actos
a crescerem como paixão
que eu próprio te digo que venhas,
que até te posso tocar na mão.

Quero abraçar a paixão
e mais uma vez a tua pele tocar,
como hoje te disse adeus
na esperança de que me venhas a encontrar.



Em tantas horas, tão poucas palavras trocadas. Silêncios que só os nossos olhos compreenderam, respondendo em sorrisos. Sorrisos que só nossos olhos captaram. Olhares que só nós sentimos. O toque que só nós conseguimos viver. A saudade que fica, porque jamais nos voltaremos a conhecer!
Mas fico à espera que um dia nos cruzemos de novo, para jamais nos despedirmos de novo.

Por enquanto voa, porque sei que um dia voarás até mim para que te possa conhecer!