Hoje toco em dó sustenido,
pois a dor que sinto ao pegar nesta guitarra
apenas é passível de ser estravasada desta forma.
Procuro libertar-me desta dor, que me amarra
e desabafar com os acordes todo o sofrimento,
sem sair do ritmo.
Procuro baixar o tom,
de forma a também baixar toda esta dor.
Procuro acelerar o compasso, alterar o andamento
e poder sorrir p'ra comigo, sozinho,
a dizer adeus a esta dor que já sei decor,
à qual me habituei.
Não baixo o tom, elevo a voz.
Elevo a voz para calar a dor.
Sinto-me sozinho, comigo a sós,
a ver se encontro a minha flor.
Hoje toco em dó sustenido,
pois procuro passar para as cordas
todas as palavras que tenho medo de dizer
e todas as palavras que procuro abafar,
com o medo de morrer e de perder
todos os momentos em que podia sorrir,
ao partir.
Elevo a voz p'ra acompanhar
o acorde menor desta triste melodia.
A melodia que faz soar nos meus ouvidos
as palavras de uma nova esperança.
Palavras que de novo trazem o dia...
O dia cego.
Não baixo o tom, elevo a voz.
Elevo a voz para calar a dor.
Sinto-me sozinho, comigo a sós,
a ver se encontro a minha flor.
O dia escuro que veio,
que em nada ajudou a baixar o tom desta dor.
A dor que não acalma, nem por pena nem por favor
e que parte uma corda da guitarra,
fazendo-me sentir o paladar, amargo, do amor.
Que me derrota...
Não baixo o tom, elevo a voz.
Elevo a voz para calar a dor.
Sinto-me sozinho, comigo a sós,
a ver se encontro a minha flor.
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