sábado, 20 de novembro de 2010

O mundo que se habitue

Eu queria partilhar
esta forma de viver.
Eu só queria não gostar
de ter
a meu lado a minha luz,
que me mostre o rumo certo
e o caminho a tomar
da vida que quero levar.

Eu não queria ter-te perto.
Só não queria estar tão certo
de que te vou magoar,
só porque
um dia te irei deixar;
irei partir para longe,
para bem longe daqui,
só p'ra poder brilhar.

E o mundo que se habitue...
Que mesmo que o Sol se vá,
eu não vou deixar de brilhar.

Eu não queria ser assim:
ter em mim a luz do Sol;
não queria não ter fim,
pois vou ter
de acordar um dia
e olhar para trás,
mesmo quando não queria
lembrar-me do que o passado me traz.

Peço ao mundo que se habitue...
Que não é pelo Sol baixar,
que eu vou deixar de brilhar.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Oh mulher...

Oh mulher, que amas tanto em teu olhar;
em cujo olhar tanto há de viver...
Não tornes a querer amar,
para que mais tarde não tenhas que esquecer.

Finge que é teu aquilo que desejas,
mesmo sendo o desejo algo que não vejas.
E não queiras de novo amar,
que isso não te vai deixar voar.

Sei que sou o único em que não acreditas;
mas o único que queres ouvir.
Porque não são palavras bonitas;
é o que sei que não queres sentir.

E então voa para bem longe,
das dores de que te aviso.
Não queiras começar a sentir,
para por fim a um sorriso.

Abre, então, as asas e voa
para bem longe com a lua...
Para que não seja à toa
que esta canção seja tua.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Como um abraço

Foi como um abraço,
que se prende à volta do corpo
e me deixou, como morto,
a sufocar no aperto do toque.
E mais cedo chegou a hora,
de sonhar acordado, comigo,
numa saudade que me devora
para me lembrar de que consigo
respirar de olhos fechados.

Mas não volto
para o mundo dos homens amados.
Porque se sente que é nostalgia
o abraço da magia
que me deixa a respirar
a ilusão de voar;
algo que de costume fazia
e que de hábito acabei por perder
porque me lembrei de esquecer.