terça-feira, 25 de maio de 2010

"afinal isto é que é amar"

Abri o peito ao inesperado
e sentado esperei por tudo.
Fiquei mudo ao ser amado,
pelo efeito da novidade.

Abri o muro; deixei-o cair
sem esperar sentir o que senti.
Decidi variar e não fugir,
para desta vez acabar a sorrir.

Mas quando o fim chegou
e a solidão me abraçou,
é que senti dentro de mim
o frio que se sente no fim.

Um dia, procurei alcançar o prometido.
Pensei nadar em teus cabelos lisos;
procurei fazer a felicidade
não com um, mas com dois sorrisos.

Mas os sorrisos não se juntaram...
e só vi que as mãos se largaram
quando senti, em mim, a dor
de já não sentir o calor.

Mas quando o fim chegou
e a solidão me abraçou,
é que senti dentro de mim
o frio que se sente no fim.

Desta vez decidi não fugir;
destruir o muro e sentir.
Mas por não saber o que fazer,
acabei por te perder.

E agora que tudo acabou,
é que vi que a tua chama se apagou.
E penso naquilo em que não sei pensar
"afinal isto é que é amar".


De facto houve primavera, mas a estação que acabou de chegar foi o Inverno; e com ele a chuva, o frio, as nuvens, o encoberto, os relampagos e os trovoes. Não há mais abraços, não há mais promessas, só o vazio ficou para me abraçar.
Procurei caminhar lado a lado contigo; dei-te a mão. Esperei que me levasses, como prometido, aos melhores lugares do mundo. Deixei-te passar o muro, a muralha, a fortaleza. Levei-te eu próprio aos melhores lugares que consegui.
Deixei que o sol acompanhasse o dia e que o escuro acompanhasse a noite. Deixei chover no Inverno e senti o calor do Verão, como aquilo que faz sentido estar junto está.
E é o que mais me doi. É o que mais me entristece, porque pelos vistos nao fez sentido.
"Tudo ser em vão é triste, como é triste um homem morrer". E é por isso que não tenho as forças para levantar os braços, nem para montar nos lábios um sorriso; já nem sequer para chorar, assim que escreveste "Fim" no livro que nem comecei a escrever.
como aprendi, como me ensinaste, como me mostraste, "não" nunca é resposta, "não" significa tentar de novo. Mas para se tentar é preciso acreditar...
E a réstia de esperança que tinha congelou, morreu... com a dor que o vento trouxe.
Pela primeira vez escrevo algo que sinto, e não algo que idealizo. Pela primeira vez sou sincero com o papel e não lhe conto mentiras só porque ficam bem. E nada fica mais bem feito do que quando pomos o que somos e o que sentimos no que fazemos.
E agora, infelizmente, sinto, mais do que nunca:
Ouvi dizer...