Hoje sinto-me agarrado
pelos braços do passado;
do passado que não volta
e me deixa à solta.
Fica sempre qualquer coisa
que nos prende à memória;
que nos lembra do passado
e nos recorda da história.
Palavras que o vento nos traz
e nos dói a relembrar.
Quando não se pode voltar atrás
para todas as feridas curar.
E, logo assim, me sinto só
na imensidão da multidão;
na solidão do pensamento
que abala o coração.
E há qualquer coisa que não vem
para nos lembrar de quem
nos fez ficar à solta.
Que queremos de volta.
Tantos momentos não agarrados,
que nos passaram a tocar.
Dando-nos na sua passagem
momentos p'ra relembrar.
E na voz desta canção
digo tudo o que me abala,
o que me prende o coração
mas que a minha voz não cala.
E, no fim, dou por mim
a cantar sem saber.
Sem saber o que dizer,
do início até ao fim.
É uma dor que não nos toca,
que sentimos sem tocar.
Apenas quando sentimos
Que ela está para chegar.
E se voltar, dará razão
que tudo é em vão se pensarmos;
deixando o coração,
nos momentos que levarmos.